Parar em Susquez foi a pior decisão da viagem (até agora,
pelo menos), Susquez foi uma desagradável surpresa: o hotel era bem ruim, os
postos só recebem gasolina depois das 19h, mas o pior de tudo foi a altitude,
dormimos a quase quatro mil metros de
altura, daí minha gripe ( que se
instalou quando chegamos em Foz) se juntou com o mal da altitude e o resultado
foi a pior noite que já dormi (que eu me lembre), com dor de cabeça a noite
inteira e de manhã estava pior do que se tivesse uma ressaca daquelas, isso sem
falar no colchão em forma de parábola invertida e o banho frio, mas eu sabia
que quando subisse na moto ia passar todo esse mal então juntei os restos de força
e fui empurrar um cafezinho pra pegar estrada.
Mas como não há mal que sempre dure, a travessia da cordilheira compensou tudo, que espetáculo
grandioso, a cada montanha que contornávamos se descortinava uma paisagem mais
bonita que a anterior. Quando passamos pelo Salar Olarez, com uns 40km de
comprimento, rolou uma lágrima, não sei bem se foi pela beleza, pelo ar seco ou
de frio, ou tudo isso junto, mas foi uma visão inesquecível. O Paso de Jama é
muito tranquilo nessa época, muito pouco vento, nada de gelo, se bem que chegou
a acender a advertência de gelo no painel da moto, quando marcou 2,5 graus. Nessas
horas você vê a importância de usar bons equipamentos, a jaqueta e a calça tem
forro térmico e o capacete não entra um ventinho, e viseira não embaça: anota
aí Rally 2 ou 3 Pro e Schuberth C3. Na fronteira da Argentina com o Chile tem
um posto YPF muito bom e bem equipado, e com uma lanchonete ótima com wi-fi
e tudo. Em 2004 foi a primeira vez que
atravessei a cordilheira de moto, mais ao sul no Paso do Tunel Cristo Redentor
onde passaremos na volta de Santiago, até então eu achava que a cordilheira era
uma fileira de montanhas onde um lado era Argentina e o outro era Chile, mas é
muito mais grandioso que isso, são dezenas e às vezes centenas de quilômetros
de largura, hoje a gente rodou 280km na cordilheira pra chegar até San Pedro no
Atacama, e apenas uns poucos últimos km foram descendo dos 4 mil metros para a
altitude de San Pedro, uns 2500 metros; e foi uma descida em rampa reta, sem as
curvas que sempre tem em serras, é incrível.
Hoje estamos muito bem aqui, nessa altitude não estamos sentindo
nada de anormal e depois que a Márcia chegou ( ela veio de avião até Calama e
pegou uma van até San Pedro), nós já fomos comer e passear pela cidade, que é
bem rústica mas agradável. Amanhã eu e a
Márcia vamos aos gêiseres del Tatio, mas o Marcão quer ficar dormindo e tá com
medinho do frio (só porque encarangou na moto hoje). E tirando Susquez, onde tem horário pra abastecer, a gente não teve problema nenhum em achar gasolina, porém não posso falar o mesmo do cartão de crédito, somente uns 25% dos postos argentinos aceitaram `tarjeta de crédito`, nos obrigando a pagar `en efectivo`, então tem que trazer dinheiro senão passa aperto.
Para quem gosta de números, aí vão os totais até o momento.
Primeiro dia: Santo André a Foz do Iguaçu - 1.077km em 12 horas
Segundo dia: de Foz a Presidência Roque Saéns Peña - 815km em 10 horas
Terceiro dia: de Saénz Peña a Susquéz - 930km em 10,5 horas
Quanto dia: de Susquéz a San Pedro - 283km em 3,5 horas
A trilha está toda no spot (clique aqui). Total 3.105 em 36 horas de estrada.
Em tempo, esqueci de escrever ontem, até agora o único trecho de estrada ruim, cheia de remendos e vários buracos, foi entre a província do Chaco e a província de Salta, perto de Monte Queimado, no restante o asfalto estava bom e bem sinalizado.
O computador de bordo da moto, mostrava até Jujuy, antes da serra, uma média horária de 102km/h e 17,5 km/lt de consumo médio. Agora com a cordilheira a média baixou para uns 92km e o consumo médio da viagem diminuiu para 17,8 km/lt. Vou zerar pra ver o consumo na cordilheira!
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