segunda-feira, 27 de abril de 2009

Melhor que isso não fica...


No final de semana passado eu fiz mais um maravilhoso bate e volta até Paraty pois precisava arrumar algumas coisas no Ausgang e tinha marcado com os fornecedores de encontrá-los na marina.

Fui de moto, é lógico, e no caminho, o de sempre: curva pra lá, curva pra cá, e em poucas horas já estava lá. Fui sozinho de novo, já está se tornando uma constante os amigos não encararem o passeio, será que é tão longe mesmo? Durante a viagem estava me divertindo com as lembranças de ótimos momentos a bordo, que ocorreram nas últimas semanas: a Gabriela e a Márcia já estão começando a se sentir em casa, e é muito legal ver que esse é um programa bem família mesmo; já com o Rodrigo, o "papo" é mais profundo, durante as velejadas a gente se pega olhando um pro outro, e um diz: "melhor que isso não fica" e o outro só emenda um preguiçoso: "Ééééé..." - no início eu dizia a frase completa: "Sabe filho, a vida não fica muito melhor que isso, não!!!", mas agora a gente já abreviou!

A última velejada teve ótimos ventos em torno de 12 nós, com algumas rajadas mais fortes enquanto voltávamos da Ilha Grande, o resultado foi que a vela mestra apresentou diversas avarias pois já estava com as linhas um tanto quanto velhas e já podres, e daí tive que mandar arrumar, não teve jeito. E a genoa I já estava detonada então foi junto no pacote pro conserto.

Pra quem gosta de detalhes, estivemos às voltas com um problema de energia normal para quem tem barco; o nosso barco estava equipado com um inversor que convertia energia 12V das baterias em 110V para ser usado pelo forno de microondas e pela TV/DVD, mas isso nunca funcionou pois quando tentei ligar o inversor queimou e devido ao alto consumo de baterias eu desisti de colocar outro, daí esses equipamentos só podiam ser usados enquanto estivéssemos na marina conectados na energia 110V do píer flutuante. Foi quando um amigo da marina, deu a dica de um aparelho de TV da AOC que funciona nativamente com 12V podendo ser ligado diretamente à bateria e com baixo consumo, em torno de 65watts. Daí foi só trocar o CD player automotivo, por um DVD player automotivo e pronto, quase tudo resolvido, exceto pelo forno de microondas, que nem é muito usado e então não fará falta nos passeios (estou pensando em usar aquele espaço para um ar-condicionado). Agora é só aumentar o número de células solares pra não esgotar as baterias, que estará tudo do jeito que eu idealizei.

Sabe, andar de moto é delicioso, mas já está tudo tão arrumadinho e existem tantas soluções prontas pra tudo que é problema, que sobra pouca coisa pra exercitar a sua criatividade e a necessidade masculina de ter um passatempo construtivo, onde você pode fazer coisas de que se orgulhe mais tarde.

Além dos filhos, é lógico; até porque criar filhos não é passatempo, não é mesmo? Esse tem sido o projeto mais longo e desafiador da minha vida, e até agora parece que estamos fazendo um bom trabalho, meu filhão é ótimo, muito aplicado, educado e divertido; o que queremos hoje é tentar reproduzir isso com a Gabrielinha, que tem um temperamento bem diferente e será um desafio maior, eu acredito! Mas isso é material para outro capítulo.

A volta de lá eu fiz por Caraguatatuba subindo a Rod. Tamoios, e apesar de ser uns 5km mais perto, demora uns 20 min a mais pois tem muito trânsito urbano, lombadas e transeuntes entre Ubatuba e Caraguá. Indo pela serra de Taubaté, que termina em Ubatuba, é mais rápido e a parte do planalto da Osvaldo Cruz é mais divertida que o planalto da Tamoios, mas há que se considerar que a serra da Tamoios tem umas curvas deliciosas, principalmente se você está subindo; apesar da fama e de eu ter adorado a Serra da Graciosa no Paraná e ter me impressionado com a Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina, essa serra de Caraguá eu acho ainda mais linda, ainda mais no outono com o céu limpo que eu peguei nesse final de semana; o visual é de tirar o fôlego, confira! Se bem que é meio injusto nem mencionar a serra do mar indo pela Rod. Anchieta, é que é tão carne-de-vaca que a gente nem fala mais, mas é um visual estupendo quando as condições meteorológicas são boas; sem nuvens e com céu claro, temos a visão de toda a Ilha de São Vicente onde fica a cidade de Santos e também dos rios e do oceano ao longe; já parei inúmeras vezes pra fotografar aquele visual, uma hora vou procurar nos arquivos e postar uma foto bem legal dessa serra, pra quem ainda não se deu ao trabalho de analisar sua beleza.

Um abraço e até a próxima!

sábado, 4 de abril de 2009

Croquete

Na semana em que o LILS (o Luis Inácio, aquele...) puxou o saco do Obama e ofendeu boa parte dos soteropolitanos e fluminenses, eu fiz um bate-e-volta para Paraty, e foi fantástico. Menos pelo barco já que nem saí da marina, fui só arrumar as coisas e resolver uns probleminhas pra preparar ele para o final de semana da páscoa pois vamos ter churrasco na Ilha da Cotia, o que valeu a pena mesmo foi o passeio de moto!

Nenhum dos meus amigos motociclistas quis me acompanhar, parece que é meio longe pra eles, não sei! Mas escutei cada desculpinha: é que vou no sacolão com a minha mulher.... e a outra: não vai dar, tenho que fazer a lição de casa da minha filha... e por aí a fora! Chamei seis sujeitos antes de desistir. Azar deles! Foi duca...

O pessoal costuma ir para Morungaba quando sai para dar uma volta, e depois esticam para Serra Negra para fazer umas curvas legais; mas é porque eles não conhecem as curvas da Oswaldo Cruz, aquela estrada é muito mais divertida pra fazer curvas do que a estrada para Serra Negra; e eu acho que é mais segura também. Mas como é um pouco mais longe, o pessoal não vai pra lá. Da Dutra até a serra de Ubatuba, são 90 km, muito legais para andar; e lá embaixo, os 70 km até Paraty também tem curvas deliciosas, para quem gosta de curvas, é lógico.

Na volta, na tarde do mesmo sábado, parei no Frango Assado da Carvalho Pinto para abastecer e também tomar um suco e comer uma coxinha, que apesar de ser um pouco oleosa, é muito gostosa; com certeza essa coxinha entra no meu “mapa da coxinha”. Mas para meu azar, não tinha mais coxinhas, os motoqueiros que lotavam o posto já tinham acabado com o meu quitute preferido. E foi aí que eu fiz a besteira: como eu gosto muito do croquete de carne da padaria Brasileira, achei que o do Frango Assado pudesse ser parecido... eu não poderia estar mais errado! Aliás, sorte deles que eu não sou vigilante sanitário ou algum outro servidor público com poderes para interditar um croquete indecente como aquele. O pior é que você acaba dando duas mordidas, porque depois da primeira, você não acredita que o troço é tão ruim e acaba comendo outro bocado pra se certificar de que eles conseguiram mesmo produzir um croquete incomível, tudo bem, que essa palavra nem existe, mas aquele croquete também não deveria existir. E aí fica aquele troço lá parecendo um corpo atropelado na calçada. Sabe como é: o féretro estendido lá com um jornal por cima pra não chocar o público; no meu caso o jornal foi substituído pelo guardanapo de papel, mas a função era a mesma: esconder aquela indecência dos transeuntes.

Grande abraço!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

AUSGANG

Era Fevereiro do ano de 1996, estávamos eu, minha recém esposa Márcia (1 aninho de casado) e nosso grande amigo Marcelo (Jabs), viajando pela Europa com um Renault Megane alugado; ficamos um tempo na França e saímos ao leste, entrando na Alemanha e dormimos em Baden-Baden, um lugar adorável, mas obviamente não falávamos uma palavra em alemão e o nosso inglês dava pro gasto, a Márcia na realidade falava muito bem o inglês, mas como os alemães não eram tão bons nisso, então não adiantava muito. No dia seguinte partimos rumo à Munique, eu dirigindo e a Márcia e o Marcelo curtindo a paisagem e acompanhando o trajeto no mapa. Eis que vimos uma placa com formato de seta indicativa, e lá estava escrito: AUSGANG (saída); imediatamente eles procuraram no mapa pela cidade de Ausgang, e lógico, não encontraram; alguns quilômetros depois e novamente a placa indicando a cidade de Ausgang, mas como não existia no mapa achamos que era só um vilarejo. Uma centena de quilômetros depois e lá estava de novo a danada da cidade de Ausgang na placa, daí eu disse que não era possível não ter no mapa, pois a cidade devia ser muito grande já que tinha várias entradas... mais uma centena de quilômetros e daí aprendemos que Ausgang significava saída ou retorno ou coisa parecida (que falta fez o dicionário). E daí isso acabou virando piada pessoal e de repente teve tudo a ver com o batismo do nosso primeiro barco, o Ausgang.

Voltando ao presente, agora que tínhamos o nome do barco, tínhamos que encontrá-lo, então depois de muita pesquisa desde o ano passado, depois de visitar alguns barcos, pedir informações em diversos sites com anúncios e fazer contas e mais contas nos decidimos pelo barco que queríamos. O ganhador do 'Our House Boat Contest' foi o BB36 do estaleiro gaúcho Emisul. Analisamos o tipo de uso que faríamos, o conforto necessário para a nossa família, o mínimo de equipamentos embarcados necessários (como, por exemplo, fogão, boiler e guincho de âncora), e esse foi o barco que atingiu as expectativas tanto no conforto, quanto no valor e tipo de navegação, que no nosso caso é de cruzeiro e sem muita emoção, ou seja, quanto menos o barco adernar, melhor! Obviamente, com essas caracterísitcas a performance fica um pouco prejudicada, mas é o nosso primeiro barco, não dá pra querer tudo logo de cara; e além disso, temos que aprender muito antes de querer participar de qualquer regata. Achamos um ótimo barco à venda em Paraty e vimos ele por fora num final de semana, e no mês seguinte eu já estava lá com o proprietário, o Christophe, pra visitar o Nau Capitânea por dentro. Após a fase de negociação, da pesquisa dos antecedentes e da documentação, e de ter falado com todo mundo que poderia agregar algo nessa fase, marcamos o teste, seria dia 20 de Março; um capítulo à parte foi a atenção que o Raul, proprietário do estaleiro Emisul, me deu, foi tratamento VIP, parecia que eu estava negociando um barco novo com ele e não um usado de um cliente dele. Como após o teste da velejada, iríamos içar o barco para verificar a integridade do casco, quilha, osmose e outras coisas, já aproveitei para contratar a pintura da venenosa com o Eduardo, o famoso Cocó, que também poliu o costado e deixou o barco novinho por fora. E finalmente, no dia 26 de Março de 2009, o nosso barco, já devidamente batizado de AUSGANG voltou pra as calmas águas da bahia de Paraty.

Foi difícil esperar até o final de semana para a primeira velejada, nossa estréia em Paraty. Eu estava bem preparado, muitas horas velejando com o laser em Ilhabela, também fizemos um charter com o Vinícius (Vinivela) que foi muito bom e eles nos usou como tripulação e deu várias dicas, e no final do ano, fizemos o curso de vela oceânica com o Marcão da BL3 num Delta 32. O curso foi muito legal, fizemos de tudo, até trocar a genoa. Como navega gostoso aquele Delta, não fosse o preço tão elevado, eu teria tentado convencer minha esposa a aceitar um ângulo maior na orça. Mas depois de ter velejado com o BB36, não estou nada arrependido da escolha, ele também navega muito gostoso, e olha que o barco estava cheio de gente e o vento estava fraquinho, mas mesmo assim o Ausgang navegou gostoso pela Bahia, rumo à Ilha do Cedro, nossa viagem inaugural. Na preparação desse passeio, marquei os pontos de todas as lajes e o trajeto para o ilha na carta náutica, e levei o meu GPS portátil da Garmin; o Ausgang tem um Chart Plotter Navman, mas como não tive tempo de testá-lo, preferi não arriscar e usar um aparelho mais conhecido.

Chegando na Ilha do Cedro, fomos almoçar no Bar do Nelson e curtir a prainha sem ondas... começou muito bem nossa vida náutica! Apesar de voltarmos com chuva, eu estava tão feliz que nem notei que caia água do céu! 8-) Uma pena que só eu e meu filhão encaramos dormir no barco, foi muito legal, e até preparamos um café da manhã com pãozinho quentinho! E no domingo já fomos muito bem recebimos na comunidade amigosdomar pelo pelo Cap. Eduardo e por sua adorável esposa Regina, do Regwell. Obrigado pela acolhida, amigos!

Bons ventos!