Estava aqui sentado na proa do barco admirando a escuridão da Tapera no Sítio Forte, pois já passa da meia-noite e desligaram as luzes na praia, e o céu se abriu o suficiente pra mostrar várias estrelas, inclusive o que eu acredito ser o nosso Cruzeiro do Sul, e pensei em deixar a preguiça de lado e compartilhar com vocês essa solidão sossegada. Olhando essa paisagem, se é que se pode chamar de paisagem o que você não vê mas só imagina, só enxergo uma dúzia de luzes fraquinhas, a maioria é dos barcos vizinhos e o contorno das montanhas da Ilha Grande.
Bem diferente da vista do outro lado, na popa do barco, onde vejo as luzes de Angra, mas o que mais impressiona é uma plataforma de extração de petróleo que está estacionada no local demarcado para tal fim aguardando sua vez de ir pro estaleiro, não é sem motivo que as chamam de Árvores de Natal, dessa distância que estou é exatamente o que parece, uma pequena vila com uma radiante árvore de natal no meio.


Quando voltamos pro barco, eu e o Rodrigo catamos as tralhas e fomos pro costão de pedras pra pescar o jantar, afinal era a estréia do arpão e prometemos pra Márcia que ia ter peixe para o jantar. Logo no primeiro tiro, o arpão foi sem o cabo e tive que mergulhar pra procurar o dito cujo, achei! Apliquei um poderoso lais de guia e voltei pra pesca. Há, dito e feito, tivemos peixe no jantar, lá no restaurante da Telma porque voltamos de mãos vazias. Abro um parênteses aqui pra elogiar a já famosa lasanha de peixe que a Telma faz, é simplesmente deliciosa, não usa massa, é só presunto, mussarela e filé de peixe; fica divina!