Estava aqui sentado na proa do barco admirando a escuridão da Tapera no Sítio Forte, pois já passa da meia-noite e desligaram as luzes na praia, e o céu se abriu o suficiente pra mostrar várias estrelas, inclusive o que eu acredito ser o nosso Cruzeiro do Sul, e pensei em deixar a preguiça de lado e compartilhar com vocês essa solidão sossegada. Olhando essa paisagem, se é que se pode chamar de paisagem o que você não vê mas só imagina, só enxergo uma dúzia de luzes fraquinhas, a maioria é dos barcos vizinhos e o contorno das montanhas da Ilha Grande.
Bem diferente da vista do outro lado, na popa do barco, onde vejo as luzes de Angra, mas o que mais impressiona é uma plataforma de extração de petróleo que está estacionada no local demarcado para tal fim aguardando sua vez de ir pro estaleiro, não é sem motivo que as chamam de Árvores de Natal, dessa distância que estou é exatamente o que parece, uma pequena vila com uma radiante árvore de natal no meio.
O mais legal do passeio hoje, foi quando íamos para a praia e a nossa amiga Miriam passou aqui de caiaque e disse que não poderíamos perder as tartarugas que estavam comendo na mão do pescador, daí pulamos no bote e fomos em direção ao píer ao lado do restaurante da Telma, onde o seu marido estava mesmo alimentando as tartarugas com uns pedaços de peixe sob as vistas do Caio e do Hélio que estavam só admirando sentados no píer. A alegria do Rodrigo e da Gabriela vendo os bichos virem do nosso lado foi contagiante, eram três, duas maiores e uma filhote, peguei a máquina e tirei várias fotos; daí a tartaruga deve ter ficado cansada de pegar só uns pedacinhos e arrancou o file de peixe inteiro da mão da Márcia, depois disso elas deram mais uma voltinha ao redor do bote, olharam pra minha câmera e desapareceram. Bichos interesseiros!!! O pior era um baiacu que não saía da frente da lente da câmera, tive que fotografar o animal senão ele não ia embora!
Quando voltamos pro barco, eu e o Rodrigo catamos as tralhas e fomos pro costão de pedras pra pescar o jantar, afinal era a estréia do arpão e prometemos pra Márcia que ia ter peixe para o jantar. Logo no primeiro tiro, o arpão foi sem o cabo e tive que mergulhar pra procurar o dito cujo, achei! Apliquei um poderoso lais de guia e voltei pra pesca. Há, dito e feito, tivemos peixe no jantar, lá no restaurante da Telma porque voltamos de mãos vazias. Abro um parênteses aqui pra elogiar a já famosa lasanha de peixe que a Telma faz, é simplesmente deliciosa, não usa massa, é só presunto, mussarela e filé de peixe; fica divina!