Os dias que antecederam essa viagem foram cheios de sentimentos diversos, ao mesmo tempo que eu estava feliz e ansioso por pegar a estrada, eu também estava sentindo antecipadamente muita saudade da família que não iria me acompanhar. Adoro estar com meus filhos e com a Márcia, ainda mais que a Gabriela está se desenvolvendo tão rápido que dá pena perder as novidades que com certeza ela teria no período em que eu me ausentaria.
Iríamos em três motos: eu, o Chanka e o Número 3, mas o fanfarrão acabou desistindo da viagem, o que foi decisivo para que eu encurtasse o roteiro da minha viagem já que eu havia planejado ir até Ushuaia na Terra do Fogo e acabei indo somente até Buenos Aires onde o Chanka já havia planejado fazer meia volta e retornar.
A primeira parada foi em Balneário Camboriú onde não pudemos ficar no hotel de sempre
já que o Fischer fechou (parece que foi comprado e deve ser reformado) então tivemos que procurar outro local pra se hospedar, o que não foi muito fácil pois em Outubro ocorre a October Fest em Blumenau (a 70km) e os hotéis em Camboriú também ficam cheios.
No dia seguinte fomos para Porto Alegre mas paramos em Torres pra almoçar e tirar umas fotos; nesse trecho antes da divisa de estado
de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foi o único lugar em que pegamos chuva de verdade, mas durou apenas uns 15 minutos e como nossas motos tem uma boa proteção aerodinâmica, nem chegamos a molhar.
Chegando em Porto Alegre começamos nossa dieta de churrasco pra acostumar o organismo para as parrillas que estavam por vir.
Continuando o caminho pra baixo, continuamos pela BR-116 rumo a Pelotas e depois para a fronteira em Chuy. Nesse trecho passamos pela reserva do Taim, são aproximadamente 16km de uma beleza natural muito grande; para ver pacas, gaviões e diversos outros animais selvagens, basta ir devagar e olhar para as laterais da estrada, a reserva é repleta de animais em seu habitat. Não muito longe da fronteira poderíamos visitar o Cabo Polônio de novo
mas optamos por visitar o forte de Santa Tereza um pouco à frente. Esse forte foi construído pelos portugueses na época da colonização e depois de ter sido soterrado por dunas de areia, foi escavado e restaurado pelos Uruguaios, a restauração foi muito bem feita e vale à pena visitá-lo.
De lá fomos para Punta Del Este que é um lugar lindo e muito bem cuidado, precisamos planejar uma viagem só pra visitar Punta, tem muito o que conhecer lá.
Esticamos um pouco mais o terceiro dia de viagem e fomos dormir em Montevidéo, que é uma cidade muito bonita e com um charme europeu, aliás quando se fala em "lembrar a Europa", Montevidéo ganha fácil de Buenos Aires e Santiago. À noite comemos um belo Ojo de Bife no Las Lunas e fomos dormir cedo porque havíamos rodado uns 900km e o descanso era merecido.
No dia seguinte fomos para Colônia Del Sacramento, onde iríamos pegar o Buquebus
para atravessar o Mar Del Plata pra chegar em Buenos Aires, então compramos os tiquetes (aprox. R$90 por pessoa e R$110 por moto) e então fomos almoçar numa vila muito simpática e depois visitar a marina e os arredores antes das 17h, horário do embarque. O Buquebus que pegamos fazia a travessia em uma hora e tinha dois decks para veículos e mais dois decks para passageiros, com free-shop e lanchonete.
Em Bs.As. ficamos no Hotel Colón por duas noites, pois havíamos combinado de conhecer a cidade e descansar antes de iniciar o retorno. Caminhamos bastante pela Costanera Sur e conhecemos o Puerto Madero, um antigo porto que foi desativado e transformado na parte mais linda de Bs.As., pois os antigos armazéns hoje são usados para abrigar a PUC Argentina e muitos restaurantes badalados. A outra margem dos diques, abriga dezenas de prédios comerciais e residenciais, incluindo um prédio que tem uma árvore enorma lá pelo vigésimo andar.
Na volta resolvemos atravessar a fronteira antes de chegar à província de Entre Rios onde tem um posto da Polícia Camineira argentina em que os policiais fazem um "pedágio", e além da nossa experiência pessoal de outras viagens, dois colegas brasileiros nos contaram em Colônia que foram "roubados" lá, então quando chegamos a Colón atravessamos a fronteira para Paysandu no Uruguay, tem um pedágio nessa fronteira e eles só aceitam pesos (argentinos ou uruguaios), tivemos muito trabalho para conseguir pagar com dólares.
Voltamos ao Brasil pela fronteira entre Rivera e Santana do Livramento. Havíamos planejado dormir em São Gabriel onde chegamos um pouco antes desse por-do-sol lindo aí da foto, mas o Chanka passou reto por lá e só foi parar em Porto Alegre, onde eu sugeri para irmos dormir em Novo Hamburgo, na BR-116 a caminho da serra gaúcha por onde iríamos voltar. Foram mil e duzentos quilômetros rodados em quatorze horas nesse dia, ou seja, se você estiver com muita pressa, dá pra ir ou voltar de Bs.As. em dois dias de viagem, já que de São Paulo a Porto Alegre dá pra fazer em um dia também. Como não estávamos com tanta pressa (pelo menos EU não estava) paramos em Curitiba na volta e terminamos a viagem com uma perninha mais curta, de apenas uns 400km.
As motos voltaram tão encardidas que quando levamos para lavar, rolou uma lágrima no canto do olho do Ewerton da Misano. No final a viagem encurtada para uma semana foi muito boa e na medida para um passeio muito proveitoso e divertido, tenho que agradecer ao Daniel pois se ele tivesse ido era provável que eu ainda estivesse passando frio lá na Terra do Fogo (o que ainda vai acontecer, pois essa meta foi apenas postergada!!!)
Clique nesse link para ver a planilha com as distâncias e outros números da viagem!
Cap.Julio, linda viagem e roteiro, muito inspiradora, em breve estou dentro, mas não de Boulevard 1500, eheheheheheh, parabéns.
ResponderExcluirPaulo