Já sabíamos que não seria uma travessia ideal, os sites de previsão indicavam vento leste (direto na nossa cara) com 10/12 kn e ondulação contrária de 2m com 10seg, resquício de uma ressaca, lembrando que está instalado um ciclone no atlântico sul, e apesar de ser lá pra baixo, afeta muito por aqui.
Mas tínhamos que chegar na quarta à noite, pois ontem (quinta-feira) começou uma feira de barcos seminovos importados na marina da Glória e a Renata da Sailabout conseguiu uma vaga sem custo para expor nosso barco, já que decidimos vendê-lo e essa é uma ótima oportunidade de exposição, então foi necessário levar o barco da Marina Bracuhy até a Marina da Glória.
Então viajamos para Angra (Bracuhy) na terça, de onde saímos por volta das 18h para pernoitar em Palmas e sair na madrugada da quarta, pra chegar no Rio de Janeiro ainda de dia. Quando aproamos para Palmas já notei que o vento era leste/nordeste e que o pernoite em Palmas não seria legal, então parei na praia do Morcego, no Abraão, onde dormimos da meia-noite até as 4h da manhã quando saímos; e não é que na saída veio um morcego que ficou rodeando o barco enquanto eu levantada a âncora! Surpreendente!
A previsão não era boa e a viagem foi pior, o vento que era pra ser de 10 nós mas não baixou de 16kn, somado aos 4,5kn que conseguíamos com o motor, o anemômetro marcou o tempo todo entre 20 e 22kn de vento aparente a ZERO graus; sem falar no mar, com ondas de 2m e desencontradas, e com um período menor que 10seg; se o barco não fosse um sólido Bavária tinha desmontado de tanto que bateu! Estávamos eu, o Rodrigo e meu primo Cláudio, que foi o único que externou o descontentamento com umas duas vomitadas! No final deu quase 20h de motor pra navegar as 80 milhas totais do percurso (18 até o Abrãao e mais 62 milhas do Abraão até a Marina da Glória); então a média foi de 4 nós - shit!
Mas quando chegamos na Marina da Glória valeu à pena, o por-do-sol foi bonito e a piscina refletindo as luzes do Flamengo na popa do barco fez tudo valer a pena; até o banho gelado no banheiro da marina foi bom (não tinha banho quente porque alguns marginais de lá (disfarçados de marinheiros ou de funcionários) roubam os chuveiros e a administração da BR Marinas não arruma mais - é Brazil, zil, zil). A Renata e a Cris também saíram de Angra umas horas depois, mas não pararam pro pernoite e fizeram o mesmo trajeto trazendo o Caju Amigo, outro Bavária (de 45 pés com 4 cabines), e também tiveram uma navegada desconfortável; mas chegaram bem também e jantamos todos juntos pra compartilhar um vinho e as histórias; foi bem legal!
Antes de ir embora a gente deu uma arrumada no barco pra deixar ele apresentável e o primo lavou o banheiro com o sabonete líquido de flor de Peônia que ele trouxe, o cheiro ficou bom, mas o melhor foram as histórias: ele descobriu que a flor de Peônia tem o significado da riqueza, e já está falando que a tentativa de venda da barco vai acabar em leilão, tal é o poder da Peônia: "Quem dá mais? Vendido para a Sra. de bolsa Chanel e chapéu com flor de Peônia!!!" rsrs
Outro detalhe que vale mencionar é que eu me surpreendi com o conforto na viagem de ônibus; tirando o fato de que é demorada, deu umas 8hs até o Bracuhy (Angra) e a volta do Rio pra SP foi também em torno de 8h; a poltrona do leito tem o mesmo conforto de uma poltrona executiva de um avião, ela é larga e reclina muito, dormi muito bem!