quinta-feira, 11 de março de 2010

Regata Angra-Rio


Partimos às 23h00 do dia 22/Out de Ilhabela a bordo do H2Óia, o Cal 9.2 do capitão Hill, utilizado para eventos e treinamentos, e também para a diversão da família Hill. Nosso destino era a sub-sede do Iate Clube do Rio de Janeiro em Angra dos Reis. Éramos seis à bordo, sendo que apenas um sabia de verdade o que estava fazendo, enquanto sua tripulação estava lá mais pelo aprendizado de navegação do que pela disputa da regata. Foi uma travessia tranqüila, com pouco vento e um tanto de motor pra chegarmos; a passagem pela ponta da Joatinga não ofereceu nenhuma dificuldade, pois havia pouco vento, pouco mar e passamos ao largo.

Dormimos no Iate Clube do Rio, em Angra, e no dia seguinte partimos para a regata Angra-Rio. Após uma largada bem legal (é sempre uma festa) adotamos uma estratégia de ir para o meio do canal entre Angra e Ilha Grande mas o vento se foi e ficamos lá à deriva esperando um petroleiro nos albarroar (o que quase aconteceu) e depois de uma hora boiando, conseguimos um ventinho que nos levou para leste, ao dobrar a ponta de Sepetiba e aproar para o Rio, a noite caiu e o dia levou o vento embora; foi uma noite de contemplação, pois era só o que dava pra fazer. Pela manhã o vento voltou e finalmente pudemos velejar, era uma cabeça de frente fria e quando chegamos ao Rio de Janeiro, fomos realmente empurrados pela frente que subia o litoral, fazendo nosso barco surfar nos carneirinhos da popa. No final terminamos a regata marcando um tempo de 29h e vários minutos, mas com poucos adversários, já que outros barcos desistiram por causa da falta de vento, fomos sagrados campeões da categoria. Uhú! We are the champions!!!

Nosso capitão Hill teve a honra de encontrar o primeiro homem a circunavegar o globo sozinho e sem escalas, Sir William Robert Patrick "Robin" Knox-Johnston, que participou de uma regata ao redor do mundo, a Sunday Times Golden Globe Race, entre Junho de 1968 e Abril de 1969 em um veleiro de 32 pés (o menor da competição) e venceu. Na foto, a chegada do veleiro Suhaili em Falmouth. Sir Robin Knox-Johnston estava no ICRJ para divulgar a regata Clipper Round The World Race que ele idealizou para que todos possam ter a oportunidade de participar de uma regata de volta ao mundo. (saiba mais em http://www.clipperroundtheworld.com).

E por falar em lendas marítimas, estou lendo o livro "A incrível viagem de Shackleton" do escritor Alfred Lansing, e fiquei emocionado com o depoimento de autoria de um dos tripulantes do Endurance: "Para a liderança científica, o melhor é Scott; para viajar depressa e com eficiência, Amundsen; mas quando você está numa situação perdida, quando parece que não há mais saída, ponha-se de joelhos e peça a Deus que seu chefe seja o Shackleton." E para não ficar a impressão de que os super-homens não tem medo, leia esse trecho sobre suas dúvidas quando ele estava a caminho da Georgia do Sul tendo deixado a maior parte da sua tripulação esperando seu retorno na Ilha Elephant: "A verdade é que ele se sentia fora do seu elemento. Já provara seu valor em terra. Demonstrara, além de qualquer dúvida, a capacidade de opor sua tenacidade incomparável aos elementos - e vencer. Mas o mar era um tipo diferente de inimigo. Ao contrário da terra, onde a coragem e a simples vontade de resistir são muitas vezes decisivas para a sobrevivência, a luta contra o mar é um ato de combate físico, e não há como furtar-se a ele. É uma batalha que se trava contra um inimigo incansável, em que o homem nunca chega a ser o vencedor; o máximo que pode ambicionar é simplesmente não sair derrotado."

E, um pouco menos poético, mas com efeito bastante prático, cito a máxima do amigo Dorival, de que: "O mar não tem cabelo!", ou seja, não há onde se agarrar na hora do aperto...

Grande abraço e que Deus os acompanhe em suas navegadas!